Não se alarme!

domingo, outubro 20, 2013 Rica Matsu 0 Comentarios


Segunda a sexta, às seis da manhã. Sábado, às oito. Domingo é a glória! Não tenho hora para acordar. Sob suas mais diversas formas os alarmes despertadores são programas de computador que rodam em nosso sistema de maneira dominadora. É o carrasco que te acorda para fazer cumprir a rotina. Por trás daquela musiquinha personalizável, esconde um perverso dispositivo de controle. Claro! Há certo exagero aqui. Isso é só para ilustrar o quando esta ferramenta embota nossa liberdade e deturpa nosso relógio biológico, quase sempre. É a vida em modo alarmado.

Robôs em linhas de montagem que trabalham de oito às dezoito diariamente, eles não são muito diferentes da maioria dos trabalhadores. A massa trabalha desse jeito e sua maioria nem sabe o porquê. Uma escravidão mascarada, talvez. É a hegemonia do regime industrial de trabalho, ainda em vigor “com todo o seu vigor” em andamento. Isso. Em pleno século vinte e um. Hoje. Agora. Na era da Internet. É mantida esta rede de pessoas trabalhando como em linha de produção robótica. É simples. Um terço da vida dedicado ao trabalho para o sucesso de uma empresa que não é sua, ou de algum órgão público, onde os valores são oportunistas ou contaminados desde os primórdios da existência.

E no caso da própria empresa? Trabalha-se muito mais que as benditas oito horas, porém com prazer. Além de estar fundamentada em um sonho. Muito mais legal, funcional e gratificante. Claro, o alarmezinho vai estar lá. Desta vez com abordagem diferente. Assim: levante-se para viver o seu sonho! Isso quando a pessoa não acorda pelo seu relógio biológico. Creio que deve acontecer com a maioria das pessoas que trabalham em função de seu sonho ou da atividade que gosta de fazer. Aquela que escolheu para se dedicar, por propósito. Do contrário, o despertador, do something-phone, todo santo dia vai lá te açoitar para que se levante. E você implora só por um minutinho a mais, que às vezes se repete e repete. Até você chegar atrasado ao trabalho e sair mais tarde por isso. Acordar por si mesmo trabalhando no modo regime industrial parece impossível.

“a.lar.me (francês alarme) substantivo masculino: 1. Sobressalto e gritaria das pessoas que se reúnem e que convocam outras a juntar-se-lhes, para entre todas rechaçarem um perigo. 2. Rebate, sinal para avisar de perigo. 3. Boato assustador. 4. Grito para chamar às armas.” Eis a definição do que acorda a maioria das pessoas para começar seus dias repletos de vida e de possibilidades infinitas!

Existe uma nova área da ciência que estuda a organização temporal de todos os seres vivos: a Cronobiologia. Trata-se da análise profunda sobre os ritmos biológicos, os ritmos da vida. É a ciência em sincronia com a natureza da vida. Será que Ford pensou nisso ao estabelecer as linhas de montagens? Acho que não. E nós, respeitamos nossa biologia rítmica?


Alarmes despertando para os horários de obrigação e fica sempre para depois a hora de fazer o que se gosta. E tem hora para isto? Não deveria ser a todo momento? Aquela velha história de que “amanhã preciso acordar cedo.” Toda uma estrutura para servir a um trabalho o qual não se sente satisfeito - talvez o grande dilema atual da humanidade. Mas não se engane, cresce a cada dia os que nadam contra a maré. E não é só uma onda. É o início de um Tsunami em direção ao bem-estar.


Fontes:

Definição de "alarme", em Dicionário Priberam da Língua Portuguesa http://www.priberam.pt/dlpo/alarme [consultado em 20-10-2013].

Sobre  Cronobiologia: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/0/cronobiologia-os-ritmos-da-vida-241624-1.asp


0 comentários: