Tarde demais
O poema me derrubou.
Tentei segurar na estante.
Não adiantou.
As palavras foram me invadindo
e roubando sangue do coração.
Fiquei, por um instante, sem ar.
As pernas tremiam, enquanto eu ia ao chão.
Caí sobre mim mesmo.
Diante da verdade que me batia, ali.
Letras bumerangueando para dentro de mim
voltavam como foices
ceifando todas as minhas defesas.
Arrancando todas as máscaras.
Pessoas riam enquanto me debatia
na cerâmica fria da biblioteca.
Ouvi ao fundo uma voz de preocupação dizendo:
Não toque neste livro!
Tarde demais.
r.
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