4º dia: Culto ao corpo
Nem a soma de todos os espelhos das academias do mundo consegue mostrar a beleza que é o nosso corpo em funcionamento. Não estou falando da sensualidade de belas mulheres malhando. Muito menos de um atleta a exibir seus músculos cheios de feromônio. A beleza a que me refiro é a atividade espontânea de nosso corpo, a que ele faz sem nosso consentimento. A gente não fica mandando a todo momento: - Corpo, respire. Ou então: - Corte, cicatrize-se a partir de agora. Ele, o corpo, funciona involuntariamente para nos manter vivos. A todo momento. Desde que você estava na barriga da dua mãe. Dormindo ou acordado ele não para nunca! Esta manifestação independente é a geradora de todas as outras belezas. Como consequência temos nossa casa sustentável. O nosso templo.
Esta reflexão vem do cuidado que deixamos de lado ao passar os dias de nossa vida quase submersos de tanta informação paga e gratuita. A televisão, os jornais, os inúmeros meios de comunicação. A apologia ao consumo desgovernado. A maioria investe na fachada: cabelo liso ou topetado, moda, barriga chapada, pele bronzeada. E dentro de casa paredes ruindo. Suplementos demais, álcool como combustível. No embalo de descuidos aparecem rachaduras e trincas em nosso lugar sagrado.
A mente merece atenção especial. Se o que pensamos se materializa, pensamentos tóxicos contaminam a nossa receita e no final passamos mal com o que ingerimos. Deixamos de nutrir o corpo com pensamentos bons, positivos e reparadores. Além de fazer tudo pela sobrevivência ele nos avisa sobre o que está errado. Quando sentimos dor é o corpo avisando onde precisa de mais cuidado. Ninguém pede a dor. Achamos até ruim: - Ah que dor chata! É simples assim, nosso templo nos envia um aviso carinhoso.
Enquanto o detonamos com ressacas uma atrás da outra, ele nos faz doer a cabeça pra gente parar de beber. Se exageramos na academia ele coloca uma distensão muscular para imobilizarmos o local. Coloca pesos em nossos olhos pra gente dormir e descansar. Se um barulho estranho acontece de madrugada é ele quem diz para despertar e ver o que está havendo. Por acaso, sentiu-se em perigo de vida, a amígdala cerebral trata de te salvar colocando todos os músculos para correr. É o instinto selvagem protetor. Isso é automático, não é lindo!?
Este grande templo que guarda a vida tem muito mais belezas a serem descobertas do que sequer pensamos no dia-a-dia. Preocupados muito mais com o exterior, é difícil parar e observar tudo que o corpo está fazendo para a sobrevivência, para nos proporcionar vivências. Celebre, ame, tenha compaixão com a sua morada. O guru indiano Osho já dizia: "O corpo é o maior mistério de toda existência. Esse mistério deve ser amado, deve ser intimamente explorado em seus segredos, em seu funcionamento."■
rica
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