15º dia: A grande wi-fi da vida

Quem assistiu Avatar se lembra da conexão entre os
habitantes do planeta e a natureza. Mais do que isso, era devoção. Esse tipo de
amor está longe da realidade nos dias atuais. Imagine se você visse alguém na
rua beijando uma flor ou abraçando uma árvore? O que vem à cabeça? O cara
pirou, não é? Talvez. Se acha comum uma atitude dessas, parabéns! Você, sim, é
normal. Um ser humano antenado com os valores universais da natureza, aliás, da
sua própria natureza. Na era atual, não se fala em mais nada a não ser sobre
estar conectado às redes – sociais e virtuais. São poucos os que estão
genuinamente plugados na “grande rede”. Estamos conectados com tudo, menos com
a natureza. Isso não é nada bom. Ficamos pendurados na teia da vida.
O
homem se afastou da natureza de tal forma que não consegue se ver mais como parte
dela. Coloca-se dono de uma propriedade. Um grileiro em escala global. Pode ser
fruto de uma ambição sem escrúpulos de um animal que começou a pensar e a andar
com duas pernas.
A
sustentabilidade é uma questão que só agora tem se tornado pauta para um mundo
melhor. As pessoas vivem (ou sobrevivem) como se houvesse alguma catástrofe
natural que nos assola. As grandes corporações e governos – os “donos”, ainda
não se conscientizaram. Mantêm ainda o mesmo pensamento do bípede metido a
besta. O urbanismo exacerbado que desvirtuou todo o ecossistema, o consumo
desenfreado; toda essa inversão de valores nos desconecta de nossa origem. A
sorte é que grupos isolados estão em plena atividade para impedir o avanço
desta idioteologia, trabalhando para reverter o pensamento alienado destes que
herdaram a cisão de seus cordões umbilicais com a Mãe.
As
crianças de hoje raramente pisam na terra. Não sabem diferenciar um mamão de um
abacate. Sim. O documentário “Muito Além do Peso (2012)” mostra isso e algumas
outras bizarrices. Não precisa ir muito longe, ao perceber que temos muitas
alergias a coisas que existem desde o florescer do Big Bang! Somos alérgicos ao
pólen na primavera. A falta de exposição
à natureza pode aumentar a incidência de asma, segundo estudo recente realizado
na Universidade de Helsinque, na Finlândia.
Com
certeza você sabe como são mais saudáveis as pessoas que vivem em áreas rurais.
Grande parte das pessoas que moram nas cidades tem deficiência de vitamina D no
organismo. Elas não têm tempo para pegar um sol e fazer uma caminhada pela
manhã. Ou ainda estão impedidas pelas condições de onde moram: sem áreas verdes,
no meio da selva de pedra. Existe ainda a pavimentação de certas áreas das
cidades que estão a todo vapor. Na rua onde moro, por exemplo, acabaram de substituir
jardins por estacionamentos em volta dos prédios. Mais carros, menos ar puro.
Mais tijolos, menos flores.
Vamos
todos sair da cidade e morar no mato? Longe disso. É preciso sim percorrer uma
longa distância, que vai dos tênis de marca aos pés descalços no chão. Do
oxigênio das matas a nossa respiração. Voltar à consciência, replantar as
origens. Reconectar. Lembrar de que não somos seres separados da natureza. Sempre
fomos conectados a ela na grande wi-fi do sinal da vida.
rica
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